Esta obra reúne dois livros. Agora revisados, ambos fo-
ram escritos entre os anos de 1978 e 1982. O primeiro, Amor
Fati: poemas de idade jovem em tempos sombrios, publicado
inicialmente pela editora Máquina de Escrever, aglutina uma
trintena de poemas que refletem as dúvidas de um univer-
sitário no período de chumbo, quando já apareciam sinais
do crepúsculo do regime militar. Parecem por isso, à primei-
ra leitura, fora do tempo. Mas no Brasil, do ponto de vista
político, nada é fora do tempo diante da tentação cíclica de
repetição dos mesmos erros. Há uma certa ironia no título.
Amor Fati implica aceitar a dinâmica da vida, a imanência, o
destino acumulado com o que nos é dado e aquilo que nos é
tirado, como propõe Nietzsche em Gaia Ciência. A menção
aos tempos sombrios revela, por outro lado, um juízo grave
de valor que contrasta com a aceitação serena das vicissitu-
des do mundo da vida. O subtítulo, evocando um momen-
to difícil, é devedor de conhecido poema de Bertolt Brecht,
depois aproveitado por Hannah Arendt em magnífico livro
(Men in dark times).